quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Rebolar

Eu odeio esse lugar fechado, apertado, enclausurado e cheio de gente vestida com roupa curta e embalada a vácuo. Eu odeio gente que quer parecer ser o que tem. Que tem sem ser. Povo que quer ser um músculo, um carro, um camarote e um drink. “Gata, tô de camarote, quer ir pra lá com as suas amigas? Tudo liberadasso” – Não. Eu não quero. Eu quero voar em cima do seu pescoço e pedir pra você me deixar em paz.

Eu estou aqui dentro, são quinze para as duas e eu quero gritar: “Porra, alguém me tira daqui!!!!!!!” - Mas não faço nada disso, apenas rebolo, como se eu fosse mais uma ovelha idiota do rebanho feliz, ao som de algum Hip Hop bombadão do momento.

E é como se o diabo me filmasse para eu saber, pra sempre, o quanto me traio pra nunca e jamais sucumbir ao meu próprio jeito de ser. Rebolo pra dar de presente ao mundo minha presença, ainda que nem eu possa senti-la nessas horas. Rebolo para dar um tapa na cara do playboyzinho abusado que nunca vai me ver no camarote.

Rebolo porque talvez rebolar seja isso.