sábado, 1 de setembro de 2012

Zen talento


Farta de conviver com pessoas zens praticantes de yoga, resolvi me render. Dizem que renova o espírito e salva a alma, né? Péssima ideia. Definitivamente. Cheguei na sala de aula e a professora nem olhou na minha cara, porque tava preocupada em manter a energia da sala equilibrada. Terapia de cor, terapia de incenso, terapia de lenço colorido. Eu sou meio cética nesse ponto. Por que o roxo e o amarelo vão me dar alegria e me tornar mais focada? Muito suspeito. Não dá não. Das minhas crenças energéticas, já me bastam as astrológicas. Mas fingi que eu era uma pessoa altamente espiritualizada e sentei.


A professora mandou todo mundo fazer a posição guerreiro III e eu comecei a ter um ataque de riso. Guerreiro III? Automaticamente me lembrei da música do Jamil, praieiro, guerreiro, solteeeeiro! Putz.. Aquilo não ia prestar. Depois, a rainha zen da sala de aula perguntou se eu tinha boa flexibilidade e mandou eu fazer uma Krisna wakawaka. Enquanto isso, o resto da turma ficava se exibindo em posição de rosquinha de padaria. Não havia mãos e pés e braços. Tudo era uma coisa só. Medo. Muito medo.


Fui fazer a tal da Hare Krisna, só que me empolguei com o pé e derrubei todas as velas no chão, além de rasgar um pedaço da cortina de seda. Eu era um fracasso. Tô mais pra tomar remédio de hiperatividade e ansiedade nervosa do que pra trabalhar no lado zen. Talvez remédio seja mais eficaz.


O terceiro exercício era bem “simples”, a gente tinha que fechar os olhos, deitar no colchão e pensar em coisas relaxantes. A mestra dava as dicas: “Imaginem uma cachoeira linda e transparente, imaginem um verde paz e um azul céu....” Eu abri o olho pra espiar a turma e todos pareciam estar bem concentrados, só conseguia pensar: “Porra, será que tem alguém conseguindo imaginar cachoeira? O máximo que eu consegui, foi focar no cara mais gato da sala e me imaginar em uma cachoeira com ele. Não seria nada mal....


Último exercício: Todos tinham que abdicar de alguma coisa material e jogar no lixo. Porque dessa vida não se leva nada, mas alma se eleva. A oriental do meu lado jogou no lixo todas as roupas de marca do armário e o fortão da minha frente jogou fora sua casa de búzios. E eu? Eu só pensava em roubar o lixo do povo e sair correndo.


É... Eu era um desastre zen. E para completar o desastre, saí da sala com as pernas doendo tanto e tremendo tanto, que derrubei a estátua do Buda e tropecei na escadaria, caindo de bunda no chão. Tenho certeza que a professora me achou uma alma perdida. De tanta vergonha que senti, saí picadinha daquele local e me prometi nunca mais voltar.


Mas de uma coisa eu tive certeza: Estava mais viva e plena do que nunca.