terça-feira, 31 de julho de 2012

Quero alma

Odeio ir a eventos que eu tenho que sorrir mais do que o Mickey Mouse que dá autógrafos na Disney. Sorrir é ótimo quando é de verdade. Mas forçar sorrisos para um monte de coroa de botox que exala falsidade é demais para mim. E sabe o pior? Quando esse bando de coroa fútil está participando de festa beneficente, só para aparecer na capa da revista do dia seguinte. Que merda de sociedade!

Ser simpática é diferente de ser falsa. Sim, eu sou simpática. Mas não. Eu não nasci para ser Mickey Mouse da Disneylândia. Não espere que eu vá dar uma gargalhada escandalosa de algo que eu não achei engraçado ou disfarçar tecendo elogios falsos a sua roupa e ao seu belíssimo cabelo. Se eu não gostar, eu não vou falar. Não me cobre hipocrisia. Eu não sou mulher nesse aspecto. E não faço questão alguma de ser.

Suas filhas da mãe, parem de elogiar tudo, sorrir para tudo e fingir tudo. Admita que aquela bolsa linda que você comprou é balaio. Sim, foi na 25 de marco, e daí? Admita que tem estria e celulite e tudo o mais. Pior do que ter estria na bunda, é ter estria na alma.

Sei lá. Não sou e não quero ser perfeita. E eu não confio em pessoas perfeitas. Tenho medo delas. Sorridentes demais, alegres demais, fofas demais, meigas demais, carinhosas demais, bem humoradas demais. Pode ter certeza de que tem alguma coisa errada nesses seres. Também não confio em nada que é me dado de graça. Ah, é? Vou ganhar televisão, Iphone e DVD? Lorota. Nada é bom demais desse jeito. De perto, ninguém é tão encantador assim... Ninguém! Pessoas têm defeitos e é neles que você vai encontrar um charme pra suspirar e dizer: “ohhhh, que bonitinho! Ele é meu gordinho lindo”.

Eu não quero ser o personagem maravilhoso que faz tudo certo, me deixa errar um pouco! Não faço questão de sempre vencer no final, só faço questão de tentar o meu melhor. Acho que o mundo precisa de alma e eu quero abrir a minha portinha para ela.

Se você não ousar a abrir a porta da sua alma para o mundo, você vai existir sem nunca ter vivido. Você vai virar pó sem nunca ter sido notado pela pessoa que você é. Você vai ser o que? Mais um na fotografia 3X4, abafado pela multidão. Mais um em uma festa lotada de gente esquisita e produzida, mais uma cabeça coadjuvante sorrindo no meio dessa peca de teatro que se chama vida.

domingo, 29 de julho de 2012

Sexo


Ele chegou de mansinho, pegou minha mão e fez um desenho de caneta bic. Depois riscou toda a minha perna com canetinhas coloridas, só porque gostava de implicar comigo. Meu coração acelerou e eu me arrepiei toda. Tipo, não era só uma perna riscada e um desenho na mão. Aquilo era mais. Uma pausa no sufoco de uma aula qualquer, um sopro (praticamente sexual) de vida aqui dentro e uma sensação gritando: “Você está viva. Você está viva nessa aula chata.”

Poucos minutos depois, senti um cotovelo abusado invadir a minha mesa e tirar todas as minhas canetas da ordem, junto com a pequena concentração que ainda me restava. Mas eu gostei. Gostei de sentir alguns centímetros daquele cotovelo entre o meu braço e o caderno e aquela carinha de pessoa implicante que quer me distrair e me levar para o mau caminho.

Sei lá. Algumas sensações são tão inexplicáveis e estranhas que eu não consigo encontrar palavras para descrevê-las. Mas vamos dizer que um desenho de caneta bic na mão, uma perna riscada e um cotovelo no braço equivalem a um sexo sem sexo. Que estranho era aquilo tudo.

O menino da mesa do lado era só o menino da mesa do lado que eu tinha conhecido na semana passada, mas a essas alturas, a gente já se conhecia há uns 3 anos. Atracao física natural é aquilo que me ferra. Me tira do meu controle. Atracao física gera intimidade, sensações esquisitas, sentimentos confusos e instáveis e todas as outras coisas que me fazem pirar e ficar mais louca do que o normal. Mesmo que eu goste muito disso, na verdade eu não gosto tanto. Pronto. De bipolar, eu agora sou tripolar.

Menino da mesa do lado, acho que eu gosto um pouquinho de você. Porque quando você desenha coisas em mim,eu pego a nave espacial, viajo pra outro planeta e fujo de toda a minha realidade. Porque isso é a coisa mais sexual que poderia me acontecer em uma segunda-feira cinzenta.

Quando existe química, existe muita coisa. Quando a magia da química transcende o espaço físico entre um cotovelo e dois braços, uma mulher não precisa necessariamente de sexo para transar.

domingo, 15 de julho de 2012

Prontofalei

Às vezes eu acho que tudo seria tãaao mais simples se a gente simplesmente mandasse pros carinhas aquela avaliação mala de professores que rola todo fim de período. Aí de quebra eles deixariam sugestões na sua“caixinha”. “E aí, como foi a noite com Maria Beatriz Palhares da Fonseca? Gostou? Repetiria a dose da “matéria” com ela? Vai querer prosseguir na disciplina ou vai TRANCAR? AVISE LOGO ”.

Outras perguntas mais “apimentadas” também poderiam ser feitas. “Avalie seu grau de excitação durante o primeiro beijo”. Ou mais: “De 1 a 5, dê nota para a conversa dela, para o cabelo dela, para a bunda dela...” Seria tão mais prático, né? Gosto de trabalhar com números.

Mais digno do que ficar jogando. Engracado. O mistério não me provoca o menor fascínio. CAGUEI pra esse lance e para as pessoas que falam: “Ah, mas o enigma tem seu charme, deixe ficar subententido”. Enigma é o irmão emprestado da falta de interesse. Quem te quer de verdade, não vai querer brincar de pique-esconde com você. Essa é uma tática ninja milenar utilizada por aqueles que querem te prender por pontos de interrogação, porque se te contassem suas reais intenções, você fugiria.

Você tá aí sentadinha suspirando e achando um charme o lance do cara ser discreto, charmoso, misterioso, né? O maluco só falta usar uma capa preta e se fantasiar de “Mister M”. Já vi tudo! Ele faz a mágica do sumiço, mas reaparece superfofo. Lógico, linda! Ele tá pegando você e mais 15. Uau! Que mistério atraente. Que charme.

Charme tem um homem com atitude. Que te liga e fala: “Desce, quero te ver agora. Tô na sua portaria”. Charme tem um cara que chega e rasga sua blusa. Charme tem um cara que não sente medo de demonstrar que gosta de você, mas ao mesmo tempo, sabe ter vida própria. Não dê ibope pra esse “mistério”

E na boa, não me vem com essa de “eu acho tão bonito isso de ser abstrato, baby! Deixe ficar subentendido”. Vai catar coquinho em alto mar junto com Lulu Santos! Eu gosto é do concreto!

Abstrato é bonito pra poeta e pra artista.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Deleta aê


Eu repito mil vezes comigo mesma: “Eu não quero, eu não quero, eu não quero”. É uma puta injustiça (se não é uma das maiores da vida) sentir qualquer coisa que seja sozinho. Unilateralidade, já basta uma vez na vida de todo mundo. Prosseguir nessa vibe é burrice.

Por isso, eu mentalizo: “Preciso deletar tudo que não é saudável do meu HD”. Mas, ao mesmo tempo, eu não aguento mais deletar pessoas como se deletam SPAMS. Eu queria não ter que deletar tudo tanto assim, eu cansei de deletar. Eu cansei de ver pessoas vindo e indo embora. E eu também cansei de gente que fala com a maior superficialidade do mundo: “Ah, foda-se... Deleta”.

Deletar não é tão fácil assim. Deletar é um processo que precisa ser desenvolvido por etapas. Pensa comigo: Rolou uma química filha da puta, você gostou da pessoa e simplesmente não quer que ela vá embora da sua vida. Mas de uma hora para outra, você precisa deletar e deixar ela partir. No começo é difícil, mas o que mais me assusta é quando o processo começa a fluir fácil e num piscar de três semanas, TCHUM: eu já deletei do HD. Quanto mais pessoas você já teve que deletar da sua vida, mais fácil fica de deletar outras. Porque você vai se acostumando com esse processo e porque não fomos feitos para lidar com a unilateralidade e com a falta de reciprocidade.

E é aqui que eu penso: Desencana, que fica bacana. (Rima pobre, mas válida). Quanto mais você se esforçar, menos você vai conseguir. A lógica do seu desempenho no amor é inversamente proporcional à lógica do seu desempenho no trabalho. Por isso é difícil para você entender como agir. Fomos treinados para entender que se quiséssemos muito alguma coisa, teríamos que lutar muito por ela.

Mas no amor não é assim. Temos que lutar e entender a hora de sair de cena e fechar as cortinas. Quem luta muito, se esforça demais e faz além da conta, vira um mala. E ninguém quer um mala. Assim como ninguém quer ser um mala.


É isso. Em uma frase: Entenda primeiro o que você merece, para depois entender do que precisa.




quarta-feira, 11 de julho de 2012

Aniversário


Faltam apenas alguns dias para o meu aniversário e esse é um momento em que eu costumo ficar mais reflexiva. Relembro dos meus últimos 10 aniversários e vou fazendo o balanço da minha vida e traçando a pauta sobre quem eu era naqueles anos e quem eu sou hoje.

Na verdade, eu fui aprendendo a ser quem eu sou com as pessoas. Ao ver o que elas queriam de mim, o quanto, e o que elas me davam de volta. Eu sempre procurei ver em que ponto uma pessoa precisava de mim e tentei ser boa naquele ponto. Muitas vezes eu quebrei a cara pelo meu jeito excessivamente sincero e espontâneo de falar tudo o que penso e o que sinto e pela minha mania de querer “abraçar o mundo”, como dizia a minha mãe.

E sinceramente? Dá muito trabalho ser eu. Mas também tenho muito orgulho. Eu tenho orgulho de não ser falsa e ter dentro de mim o maior caráter do mundo. De não trair a confiança das pessoas e colocar os meus princípios sempre em primeiro lugar. Tenho orgulho de não compactuar com aquilo que eu não concordo só para “agradar” alguém. Tenho orgulho de não ter trocado os anseios da minha alma pelos anseios dos personagens de novela. Porque depois que acaba “Gabriela” é a melhor hora para sentir um soco no estômago e um vazio sem explicação. Tenho orgulho de ser pseudo-revoltadinha e de acreditar no amor e nas pessoas.

Existe tanta gente pra dar valor à gente e precisando de nós, por que querer saber justamente daquilo que não presta? Mas aprendi que só dá pra ver se presta ou não, conhecendo. Avancando, recuando, se permitindo, perdoando, não perdoando, sorrindo, chorando... Enfim, se jogando e vivendo. Aprendi que se arriscar e avançar é privilégio dos fortes. Os fracos podem até não sofrer, mas também nunca vão sentir o gosto de uma conquista verdadeira.

Por isso eu agradeço por todas as experiências que eu já tive com o passar de todos os meus aniversários e idades. Sendo elas boas ou ruins, frustrantes ou maravilhosas, foram experiências importantes para mim, para eu me construir como pessoa. A gente não vive nada que não tenha que ser vivido na nossa trajetória. Essa é a real.



sexta-feira, 6 de julho de 2012

Liberte-se

Não quero mais ir embora e esperar o dia seguinte. Porque muitas vezes me disseram que eu não podia esperar nada de ninguém. E um dia constatei a veracidade dessa frase. Não quero mais acreditar. Nem desacreditar. Nem querer. E nem nada. Eu sempre quis muito controlar a minha vida. Agora eu deixo ela me controlar um pouco. Deixo ser o que será e deixo o vento me levar.

Quero encontrar outra coisa que nem eu sei dizer o que é. Só sei que eu cansei.
Cansei de ouvir gente ditando como trabalhar, como se comportar, como amar.
Cansei de todo esse teatro banal que as pessoas fazem porque elas não podem simplesmente ser sinceras. Ser sincero deveria ser uma glória, mas a maior glória das pessoas é jogar e fingir.
Eu gosto de você, mas eu não posso te mandar essa mensagem agora. Preciso esperar trinta e sete minutos. Eu quero te ver, mas é melhor não.

Cansei dessa representação teatral ser tratada como trunfo. Eu prefiro errar sendo eu mesma do que acertar sendo uma garota forjada que controla 365 passos e calcula estratégias de ação. Eu prefiro “mandar mal” em enviar mensagens de texto espontâneas do que “mandar bem” em trancar as minhas palavras e nunca arriscar nada novo. Ou por medo, ou porque as pessoas disseram que não é assim, ou porque meus amigos alertaram que é melhor ignorar. Que o “certo” é não ligar.


Ora, se não eu, quem vai saber o que faz bem para mim? Meus pais e meus amigos que me perdoem, mas conselhos são apenas conselhos. Experiências não podem ser universalizadas e enfiadas no caso a caso de cada um. Cansei até de ouvir conselhos. Sério, de uma vez por todas: Eu não sou você. E ele não é o seu ex-marido filho da puta, ele é só o meu atual ficante legalzinho. Então não me venha com seus conselhos mais. Cala a sua boca. Obrigada.

Muitas vezes eu até havia cansado de ser eu mesma. Pensava que tudo que dava errado comigo era pelo excesso de autenticidade e falta de “joguinho”.  Achava que não era pra ter escrito o que eu escrevi e nem dito tudo que eu falei. Mas do que adianta ganhar uma disputa com fingimento?


A minha maior glória é ser exatamente quem eu sou. Não porque eu seja muito gente boa, ou muito bonita ou muito inteligente. Simplesmente pelo fato de que só assim eu conseguirei ser feliz e livre.

O pior tipo de prisão não é a penitenciária de Bangu 1. O pior tipo de prisão é quando nos aprisionamos em nós mesmos. Em nossas ideias retrogradas, em dogmas do passado, em inércia, em conselhos de parentes, em medo de arriscar o novo ou de seguir o nosso próprio coração.