terça-feira, 26 de junho de 2012

A caixa


Guardamos os sentimentos e as lembranças em uma caixa, cuidamos de trancá-los a sete chaves e depois ainda enfiamos tudo naquele porão abandonado. E mesmo assim, a qualquer momento, eles podem resurgir e fazer a gente desmoronar igual areia movediça.

Como é que pode?

Tem gente que marca de forma única e se faz insubstituível. Simples assim. E não importa o quanto tempo vocês fiquem longe, porque existe um instinto mágico natural de afinidade que traz vocês para perto a cada encontro, fazendo anos de distância parecerem dias.

Não importa também o quanto você tente arrancar as lembranças, se desfocar das histórias e trancar o sentimento, porque uma hora, sem querer, você vai abrir de novo aquela caixa.


quinta-feira, 21 de junho de 2012

S.O.S

Arrisco dizer que a pior coisa que pôde ter me acontecido foi ter virado tão amiga de tanto homem. Não só pelo fato de entender melhor o que se passa naquelas cabecas, como por saber o que fazem. Eu juro que eu não queria saber tanto nem entender tanto. Eu juro. Saber me desencanta. Ao mesmo tempo que eu sou a mulher amiga e confidente de agora, eu sou a mulher namorada e corna de amanhã.

Eu não sei se eu quero mais comer pizza, brincar de playstation, fazer trilha e ouvir esses caras falando das gostosas da turma e o que que rolou no churrasco da atlética. Acompanha comigo: Eu sou meiga, tenho voz fofa, 1,60 de altura e sou apaixonada por bebês e cachorrinhos fofos. Por que raios eu tenho que estar a par de tanta sacanagem/molecagem? E pensando, pensando e pensando, cheguei a uma triste conclusão: Virei um deles. É isso. O problema está aí. Eu virei um deles.

Sinto falta da perdição involuntária que era conseguir estar apaixonada por alguém e me arrepiar com meia dúzia de palavras bobas. Agora eu sei muito bem o que aquela meia dúzia de palavras significa. Agora eu sei que meia dúzia de palavras podem ser insignificantes. Conheço a intenção deles. Conheço o jogo. Conheço o vazio e o verdadeiro. Sinto falta da minha natureza poderosa de me deixar levar e me livrar da minha listinha mental de “certo” e “errado”. Agora não tem essa mais.

Suspirar pelos cantos antes da hora é atirar com uma metralhadora no próprio pé. Mas, mesmo assim, sinto falta da época em que eu conseguia conhecer pessoas encantadoras. Sinto falta de uma pessoa não muito distante: Eu. Eu há tipo uns três anos atrás. Acho que eu não era assim. Mas se eu não era assim e eu não tenho nem 23 anos, imagina quando eu tiver meus 30. Sei lá.

To com medo até de fazer aniversários. Medo de ser cada vez mais mulher e cada vez menos eu. Medo de descobrir mais coisas que eu não queria. Medo de me magoarem. Medo de virar aquela ruiva feia de sex and the city! Eu sempre fui a Charlotte! Medo de levarem para sempre a Charlotte daqui de dentro.(Que drama. Essa parte só as mulheres vão entender...)

Acho que no fundo, todo mundo vive querendo ser salvo. Não tô falando de ser salvo por um príncipe que chega para matar os dragões, mas sim de ser salvo da monotonia pesada e insuportável que os dias podem vir a se tornar. Tem gente que me salva só com um SMS de: “Vai dar tudo certo”. Tem dias que até ouvir Bob Marley cantando “cause every little thing gonna be alright” me salva. E assim sucessivamente.

Hoje, eu só sei que tudo o que eu mais quero, é ser salva.

domingo, 17 de junho de 2012

Da série: Rapidinhas

“Às vezes você me provoca taquicardia, fazendo o meu corpo gerar estímulos elétricos até os átrios e transmitindo toda a pulsacao para os ventrículos, acelerando o meu miocárdio a cerca de 200 bpm por minuto.”

“Caraca! E isso é bom, doida?”

“Aham, ótimo!”

Ora, fracamente, isso que eu chamo de uma declaracao de amor digna. Escrevi em 2005 e acabei de encontrar perdido pelas páginas da minha agenda. Como eu era fofinha.... (E doente também, qual o tipo de pessoa que diz isso para outra pessoa?)

Adoro futucar meus bilhetes antigos. E aí, válido repetir esse fracasso romântico?


quinta-feira, 14 de junho de 2012

Brainstorm

Eu leio uma linha do livro e corro para ver se recebi torpedo.
Eu abro o caderno e entro no Facebook para ver se tem novas mensagens.
Só mais cinco minutinhos, eu penso. Mais cinco minutinhos e eu ameaço voltar.
Mais cinco minutinhos e a minha vida pode mudar. Eu juro.

E então eu agarro o marca-texto e a minha mente dá voltas mirabolantes.
E eu me pego em outro plano. Em outra estação. Em outro continente.
Nesse lugar que eu me encontro, tudo parece mais interessante.

Depois de toda a minha viagem, eu volto. E quando eu volto, eu penso nas pessoas.
Milhares de brasileiros estão suando nos ônibus, em reuniões de trabalho,
assinando contratos, lutando por um lugar ao sol. Estão todos concentrados,
fazendo coisas adultas e maduras. E eu? Eu estou concentrada repassando pela
décima vez o filminho mental do meu último fim de semana. Estou repassando
cuidadosamente e milimetricamente todas as palavras que me foram ditas e
tramando mil hipóteses interpretativas para elas. Ai, interpretar é tão difícil...

Sabe, no fundo eu tenho inveja dessas pessoas adultas e maduras que assinam
contratos milionários enquanto eu estou tendo pensamentos absolutamente improdutivos.
Por que eu não consigo ser adulta e madura o suficiente para separar os momentos?
A hora de fazer o dever de casa não é a hora apropriada para ter crise
A hora de assistir palestra não é hora de pensar na briga do final de semana.
A hora de ir à reunião de condomínio não é hora de querer ficar com o vizinho na escada do prédio.

Tem dias que eu misturo tudo e me atropelo. Um turbilhão de pensamentos, sentimentos, memórias e sensações. Não é sempre. Mas acontece. Eis o meu “brainstorm”. Literalmente.

Só não sei se eu sou o único ser não evoluído que passa por isso
Ou se eu sou o único ser corajoso para admitir que passa por isso.

Feita a minha confissão para vocês, eu vou tentar me concentrar na aula.
Tchau, fui embora para sempre. (Ou não).


terça-feira, 12 de junho de 2012

Happy valentine's day


Viva o dia dos namorados e que comecem as frases de pára-choque de caminhão no facebook.
Já acordei com um: “O maior segredo de amar é que para amar, não há segredos. Feliz dia dos namorados para nós, mozão! Você é o ar que eu respiro!”

Não é que eu não seja romântica e coisa e tal, mas me dá nos nervos esse tipo de manifestação. Qual é poetinha, tá namorando quem? O oxigênio? Mas surpreendentemente, essa não foi a pior. Algumas declarações como “eu te amo para seeeempre, bruxinha. Feliz 1 mês e feliz dia dos namorados, você é a coisinha mais ninda do mundo inteiro” se fizeram presentes no meu feed de notícias.

Será que precisa ser tão exagerado assim? Esse tal de eu te amo “para sempre” me soa bizarro. Como é isso de afirmar que vai ser para sempre? Fez contrato? E a pior parte vem depois: “Feliz 1 mês.” – Ok, acabo de descobrir que o cara só está há um mês com a “bruxinha ninda.” Patético. O cidadão virou uma autentica reprodução da Hello Kitty contemporânea.

Nunca confiei em pessoas expansivas demais. No estilo: “Você está LIIIIIIIIIIIINNNNNNDAAAAA DE MORRER! TE AMO PARA SEMPRE DAQUI ATÉ A CORÉIA DO NORTE, MEU BIBELÔ AMADO”. Normalmente, quanto mais efusiva é uma pessoa, mais falsa ela está sendo. (Salvo exceções).

Será que o amor é brega mesmo Cazuza? Ou brega são as pessoas? Podem me criticar, mas eu acho que até para amar tem que ter classe, elegância e inteligência. Não é sair por aí fazendo voz de bebê e dizendo que eu sou “raio, estrela e luar” que alguém conseguirá me deixar toda derretida aos 7 ventos.

Eu quero ouvir declarações surpreendentes e verdadeiras, que eu nunca ouvi da boca de ninguém. Não quero ouvir: “Nosso amor é uma flor que desabrocha a cada ano e cresce mais lindo a cada primavera.”

Fala sério, meu. Para piorar, só fazer voz de beber e chamar de “Chuchu”. Eu ODEIO homens que fazem voz de bebê. O que pretendem essas gracinhas? Sensibilizar a moca? Acho CTT. Traducao simultânea:  Corta tesão total. ((Admito, já fui chamada de “Jujubinha ninda” uma vez na vida)).

Que nesse dia dos namorados, os pombinhos (afff, outro termo que eu acho cafona) possam INOVAR e demonstrar esse amor de forma única e sincera. As pessoas são tão individualmente peculiares, tão originais e únicas nesse mundo. Por que todos se encaixam com um vídeo do Jota quest?

Tá bom, cara. O amor pode estar do meu lado e o amor é o calor que aquece a alma. E DAÍ? Por que isso me faz ser especial para você?

Existem pessoas que eu amo inexplicavelmente. Tem aquele que eu odeio e amo ao mesmo tempo. Acho incrível essa minha capacidade. Veja bem, eu odeio aquela mania dele de soltar um: “gata, olha que foda esse vídeo”. Porque eu odeio que me chamem de “gata”. Gatinha é diferente, mas gata é péssimo. Quando me chamam de gata, eu me sinto como se fosse uma peguete qualquer que ele conheceu anteontem na “balada”. E quando eu abro o vídeo, vejo que o senso de humor dele é completamente bobo. 

Mas, incrivelmente, eu amo aquele senso de humor bobo, acho apaixonante aquela risada e acabo rindo  sem parar também. Eu peco a Deus todos os dias que eu nunca pare de odiar amando tanto assim. Porque até no ódio existe poesia. Porque até nas briguinhas existe charme e letras de músicas e ritmo e flores coloridas.


O homem perfeito teria a maior vontade de me completar e me curar de toda a minha loucura com um equilíbrio matemático. Mas o homem de verdade tem vontade de me multiplicar e triplicar toda a minha loucura em um desequilíbrio poético.



E para todos os homens e mulheres "de verdade", o meu sincero: FELIZ DIA DOS NAMORADOS!!!

domingo, 10 de junho de 2012

Você é perfeita, MAS....

“Você é uma pessoa sensacional, charmosa, bonita, bem-humorada, gente boa, simpática, especial......  Gosto muito de você. Você sabe, não sabe?”
- Você pensa: “Tá, vai continua. Estraga tudo agora, veado.”

Ele continua: “Mas eu não quero nada sério agora, entende? E não acho justo que você fique presa a mim. Não tô preparado para ter um relacionamento mais sério. E quero que você seja feliz.”

AH tá bom. Que bonitinho! O moleque é quase uma “madre Teresa de Calcutá”. Tão altruísta, não é mesmo? Que belo coracao. Ele não está emocionalmente preparado para um relacionamento sério, mas deseja a sua felicidade e gosta de você. Que fofo, gente! NÃO. NÃO. Dessa água eu não bebo. Vejo milhares de incongruências nesse tipo de papinho imbecil para enganar trouxas/apaixonados.

Vamo lá, número 1) “Eu não quero nada sério AGORA, entende?”
Analisando....... Meu bem, isso não existe. Quando a gente gosta, está preparado SEMPRE. Você apenas não é macho o suficiente para admitir que não está na mesma vibe da garota. Seria mais digno dizer: “Acho que não estamos na mesma vibe, não to afim de você da mesma maneira que você está de mim.”

Afinal, não escolhemos os melhores momentos para gostar de alguém. “Sinto muito, hoje eu não quero.. Porque hoje é sexta-feira e às 22:30 eu tenho uma festa. Amanhã também não é o melhor momento, porque tenho chopada. Daqui há pouco eu volto a querer, viu? Espera ae.”

Número 2) “Não estou preparado para um relacionamento sério” – Ohhh! Ti bunitinho! Faz uma coisa? Vai fazer um curso na Sorbonne e depois que se preparar, você volta, tá amado? Ou será que psicologia em Harvard te prepararia melhor, meu amor?

O pior de tudo, é que tem mulher que banca a psicóloga e vem dar o laudo: “Gente, mas eu entendo ele... Todo problemático, teve um trauma muito sério com a mãe na infância, quando ela mandou o “titi”(gatinho persa dele) para uma fazenda no mato grosso do sul. Também já prendeu o dedinho na porta do carro e até hoje tem medo de se relacionar.... Mas acho que a gente ainda fica junto." 

Preciso comentar o que eu acho das psicólogas de plantão? Não estudo psicologia e, ainda que estudasse, tenho uma tese: Por mais problemática que uma pessoa seja, quando ela está afim, ela mergulha naquilo. Ninguém sabe se relacionar, ninguém sabe amar... Mas todos tentam.

Número 3) (...) “E quero que você seja feliz.”

Meus caros, essa é a parte do discurso que mais me irrita.
Não, seu babaca. Você não pode me desejar votos de felicidade como quem sai por aí dando amostra grátis na rua. Se você está me dando um pé na bunda, o MÍNIMO que você deveria, era pelo menos fingir que ficaria arrasado se me visse com outro cara. “Por que, Olívia Black?”- Vocês me perguntam. É apenas uma questão de bom senso, prezados. É ainda mais humilhante esse ar de superioridade que o carinha lanca com um: “Mas não fique mal... Eu tenho compaixão por você e quero que você viva sua vida feliz. Apesar desse fora.”

Esses papinhos se repetem uma vez a cada mês com alguém que eu conheco. Com você também é assim?  “Mas poxa, o que eu fiz de errado para tudo terminar assim? Eu achava que estava sendo perfeita. Por que?” – Você se pergunta.

Eu não sei ao certo o seu caso. Mas vou te dar um conselho universal: Ele lembrará de falar com você, toda vez que você esquecer de falar com ele.

Ter vida própria é afrodisíaco. É disso que eu tento lembrar todos os dias. E quando eu consigo praticar, tudo parece dar incrivelmente certo.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Surpreenda-me ou esqueça-me

Eu confesso: Às vezes eu tento não ser eu, apesar de me vangloriar tanto da minha autenticidade. Porque se eu não for eu, pelo menos por uns dias, quem sabe eu possa curtir arrumar uma mala e me mandar para os jogos jurídicos com as pessoas da minha idade.

Ou mais: Quem sabe eu possa ficar na fila de uma boate por horas, curtindo a onda daquele local barulhento e com uma multidão de pessoas - mas nenhuma realmente interessante. Que saco. Quero tirar férias dessa chatinha. Que tipo de mulher da terceira idade eu virei?

O mais engraçado é que eu não tenho meio termo nem com a idade. Ora eu me sinto a garota fofinha de Maria Chiquinha da mamãe, que até hoje tem medo de ouvir seus gritos desesperados de: “Cadê o meu brinco?!?!?!?! Você perdeu o meu brinco?!?!?” Ora eu me sinto a mulher madura de 32 anos e meio que arrasa no pedaço com um salto 13 cm.

Sabe, a minha vontade era andar com uma plaquinha no pescoço escrito: “SURPREENDA-ME”.  Parece que ninguém mais consegue me surpreender. Nutro profunda dificuldade de me encantar por algum mortal. Todo mundo é a mesma coisa de sempre e tudo tem o mesmo fim de sempre. Não quero ser prisioneira eterna da falta de surpresa dos seres terrestres. (Quem sabe eu tenha que ir para marte mesmo).

Às vezes eu acho que virei Natalie Portman no filme “No strings attached”. Talvez esse seja o melhor personagem de cinema para me descrever. Pode ser tosco citar esse exemplo, eu poderia ser um personagem de um filme mais Cult, mas eu não sou. (No máximo, eu sou Dani Calabresa na MTV).

Tudo o que constato é que de tanto ter alma, um dia congelei. De tanto não compreenderem a bendita e abusarem dela com o excesso de vazio, ela esvaziou. Conseguiram o que queriam: fizeram a mocinha coração de manteiga da sessão da tarde ir embora para sempre. Não consigo encontrar palavras mais, porque tudo o que eu sinto, é que eu não sinto. Não estou chateada, não estou triste, não estou abalada. Não estou nada. Talvez eu só esteja esperta.

Eu começo já esperando o fim. Por mais que eu ache que eu gosto um pouco daquela pessoa X, eu sei que não faço questão e que não gosto tanto assim. Para que mergulhar se você sabe que vai se afogar naquela água? O mergulho vai valer a pena? Não sei. Eu acho que Roberto Carlos foi um corno sofrido e maldito quando escreveu: “Se chorei ou se sofri, o importante é que emoções eu vivi”.

O importante, nesse momento da minha vida, é apenas sorrir. Dispensei o sofrimento. Sou muito nova para esse lance. Na minha carta para o papai Noel eu só pedi que o velhinho me trouxesse uma boa dose de saúde, amigos e risadas. Quero envelhecer dando risada da vida.

Estou velha demais para me preocupar em sofrer com bobagens. Perdi o saco para os dramas das mocinhas de TV. E para os romances que acabam lindos no final. Eles são monótonos demais para mim. Quem sabe ainda serei surpreendida por algum indivíduo menos previsível.... Meu príncipe vai vir todo errado, em cima de uma moto bizarra às 2 da manhã, com um ingresso para me levar no show do ano e depois me oferecer a minha sobremesa preferida.

É. Essa sou eu.

E sigo repetindo meu mantra diário: Surpreenda-me, ou esqueça-me.