quinta-feira, 31 de maio de 2012

Extraordinário

Eu nunca vou entender porque as pessoas vão para uma night, publicam fotos em tempo real, respondem torpedos e apertam os botões de seus celulares, como se dali pudessem controlar o universo. Como se existisse alguém no celular que valesse mais a pena do que a festa inteira. Afinal, o que esse bando pretende?

Dê o nome que quiser a sua loucura e ela não será loucura mais. Adjetive o que você sente e dominará o que se passa por dentro. Loucuras com nomes não são loucuras. São problemas, síndromes, laudos, esquisitices. E aqui, eu me pergunto: Qual será a síndrome das nights?

O fato é que todos que ali estão esperam algo de extraordinário acontecer a qualquer momento. É como se algo de grandioso e transcedental fosse pairar sobre aqueles seres e transformar uma noite comum em uma noite inesquecível. Estão todos atentos olhando para os lados, para cima, para direita e para esquerda. A qualquer momento, algo mágico vai acontecer. Aquela noite vai ser incrível.

E aí, a gente volta para casa. Eu nunca vou entender porque a gente continua voltando para a casa com tanta expectativa no peito. Querendo o espetacular. Querendo rir até comprimir o diafragma e beber até o corpo flutuar nas nuvens do céu. Querendo ser a diva da festa. Querendo ser a diva de alguém. Querendo voltar de mãos dadas com um sujeito que não estava lá. Querendo o 100%.

Por que as pessoas querem tanto? Esperam tanto? Planejam tanto? Hoje eu acordei sem esperar nada. Sem pretender nada. Acordei em um quarto diferente, em uma cama diferente, sem a minha escova de cabelo e sem o meu batom. Sob novas perspectivas, peguei a minha bolsa e andei.

Andei sem destino, sem mapas e previsões. Contra o vento e sem documento. Eu flertei com o inesperado, fiquei de caso com o acaso, rasguei aquele roteiro e desenhei um só para mim. Eu estava sem ter aonde encostar e quem culpar. Estava sozinha, completamente sozinha, mas incrivelmente feliz.

Foi então que eu me dei conta: O simples fato de poder respirar em paz com a vista privilegiada do Rio de Janeiro, já se fazia extraordinário naquela manhã. 



sábado, 26 de maio de 2012

Papo brabo, hein!


Cena 1: Você tá naquele almoço de família, aí aquela sua tia metida a teenager pergunta:

- “E aí, conta tudo pra titia... Tá namorando? Como estão os paqueras?”

Você, timidamente responde: “Não, não to namorando não, tia.. Aah, tão indo.. Hehehe”
- O que você pensa: “Putaquepariu, começou o papo brabo. Quer saber mesmo? Os peguetes tão naquela de sempre, uma hora somem, na outra aparecem com tudo. Uma hora é um, na outra é outro. Teve um lindo que me chamou pra sair hoje, sabia? Mas eu não pude ir ainda, porque preciso malhar 2 semanas antes de sair com ele para ficar apresentável.. Só quando eu malhar a bunda, a perna, a barriga e o tríceps, eu aceito aquele convite. Tô me preparando. Foi bom porque me fiz de difícil, saca?”

Cena 2: O seu avô fofo pergunta: “Quando você se forma, minha filha?”

Você suspira e responde: “Entãaaao, vô.... Se tudo der certo, em 2013! Hehehe”
- O que você pensa: “Vô, se tudo der certo, eu não enlouquecer no meio do caminho, tomar tarja preta, resolver jogar essa merda pro ventilador e passar um ano sabático na Europa, é em 2013 sim... (sempre quis usar o termo sabático! Para quem não sabe, gente chique passa anos sabáticos fora do país, pobre faz intercâmbio).”

Cena 3: Sua dentista puxa papo empolgada: “E aí, querida! Já escolheu o ramo da advocacia que quer seguir? Já fez plano de carreira?”

Você, com aquele bocão aberto, em situação constrangedora por natureza, sussurra, com tremenda dificuldade: “Não sei ao certo, talvez penal... Talvez empresarial... Ainda to vendo... Hehehe”
- O que você pensa: “Cacete! Agora eu vou chorar pra valer nessa cadeira de dentista. Sua filha da mãe! Plano de carreira? Não sei nem se vou conseguir escrever a merda da monografia. Tô apavorada de não passar na OAB e me conformar em ser bacharel ..  E não, eu não sei o ramo que vou seguir para sempre na minha vida. Já testei um monte! E vou continuar testando. Uma hora eu volto aqui e te respondo. Mas agora me deixa em paz! Pelo amor de santo deus, pelas barbas do profeta, QUE papo brabo!”

Cena 4: Você encontra aquele menino que você era super afim- até alguns meses atrás- no cinema... Ele está acompanhado dos pais, você, que não perde tempo, com o seu novo affair.


Ele diz: “Oi... Tudo bem? Quanto tempo! Essa aqui é minha mãe, esse aqui é meu pai....”
Você diz: “E aí... hehehe.. tudo ótimo! Esse filme deve ser demais, né? Esse aqui é o meu amigo... GRANDE amigo! Roberto.... Hehehehe... Boa sessão pra vocês, viu?”
Você pensa: “Putaquepariu, será que o Roberto percebeu que eu quase desmaiei de nervoso? Caraca, agora que eu nunca mais fico com ele de novo... Que merda! Por que hoje? Por que agora? Por que comigo? Putaquepariu, preferia ter sido picada por um enxame de abelhas frenéticas.”

Cena 5: A amiga da sua mãe solta: “Você tá tão diferente da última vez que eu te vi, nem te reconheci.....”
- Você responde: “Jura?! Hehehe..”
Você pensa: “Fudeu! Só em 10% dos casos esse “você está diferente” significa que a pessoa mudou pra melhor. Devo ter engordado. Nem uma perna minha entra na calca 36! No ano retrasado eu entrava...”

PAPO BRAAAAABO, HEIN.... Que atire a primeira pedra quem nunca passou por isso... Mas faz um favor? Atira a pedra NELES! (Não em mim.)

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Rei da Farmville

Ele tem 28 anos, é loiro, gostoso, bonito, rico, engraçado e safado. Daria um modelo perfeito para a Abercrombie & Fitch. Tem várias garotas em cima dele. Eu diria para você que o facebook do cidadão é uma verdadeira fazendinha. É tanta vaca ali.... Elas curtem tudo, comentam em tudo, elogiam tudo. Ele é o Rei daquela Farmville, meus caros.

Pela primeira vez na vida, eu sorri ao pensar que ele fazia sucesso com o público feminino. “Nossa, ele tá certo de ser pegador! Que figura esse moleque galinha! Mas também, com tantas características atraentes, que mulher não estaria de quatro por ele?” – Pensei.

Eu. Eu não estou de quatro por ele. Eu sou o tipo de mulher que não se apaixonaria por ele. Fico ao lado dele sem me preocupar se meu cabelo está péssimo, se a minha bunda tá bem na calca ou se eu to bonita o suficiente. Nada disso me aflige. Ele é lindo. Tá, ele é lindo. E daí? Ele é só mais um mortal...

Eu olho para ele e penso: “Oi, mais um mortal. O que você tem além dos olhos azuis brilhantes e de toda essa capacidade de fazer piadas infames? Me mostra o que você tem, porque eu não consigo ver.” Eu não participava da fazendinha virtual dele. Eu não tinha sentimento algum de posse, eu não tinha paixão. Eu não tinha absolutamente nada. E por isso mesmo eu podia me relacionar com ele numa boa.

Não estava nem aí se o visse uma vez por mês. Ou se ele não me mandasse mensagem, ou se ele não aparecesse. Ou se ele mudasse de país para sempre. E por isso mesmo a gente podia se relacionar. Um belo dia ele me perguntou com carinha de cachorro sem dono: “Você tem ciúmes de mim?” – Não. A resposta era não. Como eu ia ter ciúme dele se eu não estava apaixonada? Se, para mim, ele era só mais um ser humano na terra? Notei que ele se importava qualquer coisa comigo. Por que ele queria o meu ciúme? Que coisa!

Eu apenas sorri e disse que não era ciumenta. Não poderia responder aquela pergunta. E então, ele continuou: “Não some tanto assim, tá? Você é especial. Eu gosto de você. Muito" - Congelei. Congelei todinha. Um gelo seco de efeitos especiais percorreu todos os andares do meu corpo. Produção, isso está errado. Por que você colocou ele pra gostar de mim? Nessa peca de teatro, eu era a personagem desencanada, fria e feliz. E ele, o galinha fofo e apaixonado. Que bizarro.

Eu preferia aquele menos bonito que conheci no ano passado, quando tropecei no cadarço do meu all star e caí com tudo. Caí em cima dele. Com todos os meus papéis de faculdade. Ele riu e eu ri. E depois ele catou todos os meus papéis. Me olhou bem fundo nos olhos e no dia seguinte (Deus sabe como) me adicionou no Facebook. Fiquei doida com aquela solicitação de amizade. Como ele sabia meu nome? O moleque era um Sherlock Holmes. Achei aquela cena dos papéis de filme e jurei que era coisa do destino que a gente ficasse junto para sempre. Mas não ficamos. E agora eu tava com o bonitão.

Tá certo que ele tava menos em forma do que o bonitão, era menos pegador, menos atraente, menos alto e mais novo. Mas sei lá. Quando o sentimento bate, não há explicações. Eu não tinha afinidade com o loiro bonito como eu tinha com aquele outro. Eu não via tanto charme naquele “Rei da fazendinha” como eu via no meu herói catador de papéis! (Puts, me superei na cafonice agora). Não consigo encontrar explicações plausíveis e racionais para isso. 


O outro tinha me conquistado muito. A gente ria tanto juntos. A gente era tão parecido. A gente era tão peculiar. A gente era tão a gente. Achava aquele lance mais natural e mais bonito. O Rei da farmville não me despertava interesse. Embora tivesse uma legião enorme de fãs.

Puta vida injusta. Nada é exatamente como eu queria. E então, deixo o meu “Don Juan” ir embora e não clamo mais por sua presença. Agora eu sigo com o Rei da fazenda e vejo no que vai dar. Fui coroada a Rainha da fazenda também. Rio das outras e, de certa forma, me sinto verdadeiramente especial. Dentre todas as vacas, era eu que ele queria.

Incrível como a falta de pretensões tem seu poder. Vou comecar a fingir que não quero o Cauã Reymond, para ver se ele larga tudo e se apaixona por mim. É isso, né, vida?


Um beijo e um brinde à falta de pretensões.

sábado, 19 de maio de 2012

A partida

Eu estou cansada de me relacionar com as pessoas. Estou cansada de ser a última bolacha do pacote nos primeiros dias, e, passada a terceira semana, virar um nada. A novidade acabou, né? Como se eu realmente fosse uma bonequinha de vitrine de loja que pudesse ficar paradinha ali, com cara de Biscuit, até o comprador decidir se o produto de fato agrada. De bonequinha, talvez eu só tenha a cara. Porque a alma ferve a 150 graus celsius. (Penso sozinha).

Anteontem eu era um máximo, mas hoje o mercado mudou e eu não sou mais tão legal assim. Perceba os termos que as pessoas utilizam para se referir aos relacionamentos entre seres (teoricamente) HUMANOS: “O mercado tá ruim”, “quero pegar aquela gostosa”.

Eu só queria entender porque as pessoas não sabem continuar. Será que é tão difícil assim ficar junto mais do que um dia? Será que assusta tanto assim a idéia de permanecer? Me assusta muito mais a idéia de "pegar só por uma noite." Espera aí... É assustador mesmo ou é normal que seja assim? Não consigo mais distinguir os padrões de normalidade. Perdi os parâmetros. Às vezes eu não sei se eu sou eu, ou se eu sou a sociedade pulsando em mim. Saca?

Tudo o que eu sei é que preciso ir embora. Toda vez que eu chego, eu já sei que é isso que vou fazer. Esse é meu rumo final: ir embora, partir. Na verdade, isso é o que eu sempre estou esperando das pessoas, dos meus projetos e dos lugares. Não espero nada além de sair de onde eu estou. De me mover. O movimento é o destino final de todos os ciclos. 

Adeus. 

Parti. 

quarta-feira, 16 de maio de 2012

SHE


Ela nutria profundo nojo pelos seres humanos que um dia amavam, no outro usavam. Daqueles que tinham hora marcada na agenda para gostar dela. Tipo só segunda-feira das 9 da manhã até às 15 para às três. Mas quarta-feira não. Sabe como é... Quarta tem poker! Quinta tem barzinho... Sexta, de repente, ele voltaria a desejá-la. Ou quem sabe, na semana que vem.

Aquela mulher cansou de tentar juntar mil metades quebradas de um copo de vidro espalhadas pelo chão. Ela aprendeu que caco de vidro só serve para cortar o dedo.  

E então, ela decidiu que preferia a clareza da sacanagem consentida e a certeza do vazio, à falsidade hipócrita de um sentimento forjado. Ela não faz questão que nada seja para sempre. Ela só quer que seja verdadeiro. Toda noite, antes de dormir, ela repete para si mesma: “Que seja verdadeiro, que seja verdadeiro, que seja verdadeiro”.

Aprendeu que viver em paz é estar ao lado de pessoas que sejam capazes de colocar um sorriso em seu rosto sem razões, que tornem seu dia leve e divertido. Ela só queria ser do jeito dela. E viver seus maiores pequenos prazeres: cantarolar na rua, comer uma sobremesa gostosa, apreciar a beleza do céu e respirar fundo sentindo a alegria invadir seus pulmões. Queria vez ou outra um alvará para errar, um alvará para ser idiota e não se levar tão a sério. E não levar tudo tão a sério.

Essa mulher queria poder não se sentir tão sufocada pelas obrigações cotidianas. Ela só queria um pouco mais de ventilação. Pintar um quadro, escrever uma poesia, correr pela praia, rir com os amigos, sei lá. Ela queria explorar a possibilidade de se conectar com todas as suas possibilidades de existir.

Ela era uma espécie quase em extinção: Acreditava e sempre acreditou e sempre ia acreditar na humanidade e no amor. Ela, ela, ela.

Que ELA tenha tempo de ser ELA em todas as suas dimensões. Médica, atleta, cineasta, pintora, poeta, artista e dançarina. Eu insisto: Pelo menos uma vez por mês, que ela tenha tempo para ser. 

 Ela, eu e você vivemos com chances de morrer a qualquer momento e nem nos damos conta. 

Sim, agora tô indo fazer pipoca com guaraná e assistir a um filme que eu adoro.

E você? Fica para o cafézinho com bolo, vai...

domingo, 13 de maio de 2012

Gasparzinho


Os anos passam, os presidentes mudam, as crises sociais crescem, o índice de assalto aumenta... Mas algumas coisas nunca mudam. Estava num bar ontem, concentrada na minha caipivodka de abacaxi, quando ouço uma loira aos berros: “Vocês acreditam que ele passou DUAS semanas sem me procurar.. 2, D-U-A-S... Ele não mandou torpedo, não deu um telefonema, não falou comigo no chat do facebook. NADA. Aí ontem ele resolveu dar o ar da graça me dizendo que estava estudando muito....”

Todos pararam o que estavam fazendo para opinar no caso. A amiga gordinha brandou: “Eu nem respondia a mensagem dele!!!! Esperaria uns 3 dias e mandava alguma coisa beeeeem fria” (Essa é a típica amiga foda.) O amigo gay também se manifestou: “Geeente, eu não sei o que que está acontecendo com esses homens de hoje em dia. O Ronaldo fez igualzinho comigo! Mas eu jogo. Eu jogo porque eu acho que sem joguinho não funciona. Amiga, não dá mole pra ele agora.” A última “analista” foi uma morena gata, ela soltou assim: “Ah, mas o que que você sente vontade de fazer? De repente ele estava estudando mesmo."

A loira continuou “metendo o pau”no garoto, sem levar em conta nenhuma opinião. Fez uma lista de defeitos e disparou: ”Fora que ele nem malha, né.. Eu sou malhadora compulsiva! Ele nem vai a academia. O físico não tá nem lá essas coisas. Ah, não sei. Não sei mesmo. Agora vou dar o troco legal”.

Foi um festival de comentário imbecil. Sucessivamente. O gay parecia entender melhor do que Freud os dilemas da loira. Ele dizia que o tal do Ronaldo era i-d-ê-n-t-i-c-o. Sabe o que é mais engraçado nisso tudo? Não são nem as pessoas, nem os papos. Sou eu. O mais engraçado é que tudo isso parou de fazer sentido para mim. Cara, que homem dá o “golpe do fantasma”, eu já sei há séculos. Não me surpreende mais que isso aconteça. Muito pelo contrário. Me surpreende que não aconteça. Especialmente quando estamos interessadas por eles. Talvez os danados tenham um radar. Uma vez que eles notem que estamos super afim, eles acionam o radar com os seguintes dizeres: “Essa tá na minha. Vou mandar na relação. Depois apareço. Agora, tenho outras mais importantes para conquistar.”

Eu sei. Você deve estar pensando: “Essa garota deve ser adepta dos joguinhos”. Não. Eu não sou adepta de joguinhos. Aliás, eu não ando sendo adepta de nada. Toda essa problemática feminina, parou de fazer sentido para mim. Se liga, se não liga, se responde mensagem, se não responde, se retorna a ligação, se não retorna. Fala sério. Isso tudo é de uma pobreza alagoana. Curioso que esses dilemas, tão presentes na minha vida, tenham parado de me atormentar. Agradeço, por um lado, e me espanto, por outro. Que porra de mulher eu virei? Talvez a convivência com os homens, tenha me feito virar um. Pelo menos, cerebralmente falando. Eu to tão simples, direta e sincera. Sem dramas, sem dilemas, sem ataque de mulherzinha, sem joguinho. Sem nada. Eu sou eu. E dane-se o que meu amigo gay opinar.

Chega uma fase da vida, que a pessoa não tem mais saco para essa palhaçada emocional. Se um cara que eu to saindo, some 2 semanas e volta com a mirabolante: “Oi, eu tava caçando ostra na praia vermelha, foi mal.” Eu controlo a vontade de dizer: “Ah sim, imaginei que fosse isso, querido! Caçou muitas ostras? Que delícia de passeio!” Mas muitas vezes, eu simplesmente não respondo nada. Não porque eu jogue, nem porque eu seja uma pessoa orgulhosa. Não se trata de orgulho, jogos e soberba. Se trata de preguiça. Sim. Nutro profunda preguiça de levar o dedinho na tela e produzir algum tipo de mensagem para aquele cidadão. Provavelmente, porque a essas alturas, já tenha perdido um pouco do interesse. Ou porque não tenha mais saco de fingir que acredito nessas desculpas enquanto ele sai comigo e com mais 3. É tão artificial banhar a relação de hipocrisia. Acho cansativo.

Não que eu ache errado ou critique o fato dos homens sumirem. Talvez eu até entenda. (Socorro, virei homem mesmo). Todo mundo precisa de um “time”. O perigo desse time é não saber dosá-lo. Eu confesso: Preciso de times. E, se eu fosse o ficante daquela loira afetada, sem dúvidas, eu precisaria de muitos times pra ouvir aqueles gritinhos agudos. Nada de errado nisso, tranquilo.

Quem gosta de verdade, fica. Essa é a conclusão. Pode até sumir, mas sempre volta - quando o que vocês tiverem construído for maior que a forca de algumas semanas, claro.

Para todos que praticam o “Gasparzinho-life-style”: Cuidado. Uma hora você enlouquece uma mulher, na outra, você vira uma mulher enlouquecida. Fica a dica.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Never Ends

No ano passado, há exatamente um ano atrás, a gente andava junto 24 horas por dia e até dividia o fone do ipod, porque você amava as minhas músicas de mulherzinha, mesmo se fazendo de machão. Vamos jogar Playstation até ficar cegos nesse mundo cruel? Vamos. Vamos comer todos os ovos de páscoa do mundo até morrer do estômago? Vamos. Vamos no cinema? Vamos. Vamos no BB lanches comer pastel e beber suco de morango e rir do carinha com sotaque do norte? Vamos. E era assim.

Você era meu melhor amigo homem, daqueles que a gente sempre corre quando tem um problema. Daqueles que a gente liga pra chorar e falar mil e uma coisas malucas e sem nexo nenhum, sem ao menos se importar em ser maluca de verdade. Daqueles que a gente tem intimidade o suficiente pra xingar de idiota, retardado e burro. Mesmo depois de todos os meus desaforos, você sempre me ouvia com tanta paciência... E você me lembrava a casa da minha avó com cobertor quentinho, doce de leite e biscoito de palito. Porque você me transmitia a segurança que todos os melhores amigos transmitem.

Quer saber mais? Ao seu lado, eu não me importava se o meu cabelo estivesse feio, se a minha calca de moletom estivesse velha e se a minha meia tivesse um rasgo. Dane-se. Você era você. E eu tinha intimidade para ser mais eu do que eu mesma. Agora, eu sinto falta de você. Saudade de ouvir o seu: “Ah, enchi o saco daquela mulher! Ela é muito sem graça e sem sal.” E eu te dizia: “Enchi o saco daquele cara, ele não me entende”. A gente dizia que se nada desse certo, a gente ia casar aos 33. E depois ria. Eu ria porque você era o último homem do mundo que eu queria casar. Mas eu não sei porque você ria. 

Agora eu sinto tantas saudades de você. Teve um dia que você me deu flores no meu aniversário e eu nunca tinha recebido flores antes. Eu achei meio exagerado na hora, porque a gente não era namorado e eu não estava apaixonada por você e nem nada. Mas, pensando bem, foi tão fofo. Você gostava de mim quando eu estava descabelada, era grossa e tinha um acesso de loucura no meio da praça. Gostava simplesmente por gostar. Você gostava de mim até quando eu te dava um esporro para você prestar atenção nas minhas explicações, porque sempre que a gente estudava eu era a professora e você era meu aluno. E se você respondesse errado a minha pergunta, eu te dava zero.

Você conhecia todos os meus lados e gostava de mim mesmo assim. Mesmo sabendo que eu era meio orgulhosa, meio tímida, meio doida, meio palhaça, meio chatinha e meio neurótica. Eu conhecia todos os seus lados e gostava de você mesmo assim... Mesmo sabendo que você era meio direto demais e constrangia a minha discreta timidez, mesmo te achando meio insuportavelzinho, meio cabeça dura, meio poeta demais e meio fanfarrão. Mas mesmo assim, você era legal e eu gostava de você. Vai entender...


Lembro que você achava graça do jeito com o qual eu sistematizava as coisas. Porque eu sempre tive necessidade de organizar tudo. Precisava pegar um papel, uma agenda e anotar os “roteiros do dia”.  Você ria porque me achava uma neurótica sistemática que não sabia viver sem roteiros. Eu tinha a necessidade de enumerar no papel todos os meus afazeres. E também tinha a necessidade de enumerar as minhas metas. 

Você não. Você era “relax”, fazia o que desse tempo e anotava tudo na “cabeça”. Você era da paz demais, da tranquilidade demais. E eu não. Eu era da ansiedade. Sabe, eu acho que você foi meu maior presente nesse mundo de falsidade e de meias-verdades. Nesse mundo em que a superficialidade é a rainha da vez, fomos vitoriosos em cativar o verdadeiro. Nesse mundo horrível em que milhões de pessoas vão embora mais rápido que miojo instantâneo, você ficou do meu lado. Você foi meu melhor amigo de verdade, mas você já quase estragou tudo e eu já quase estraguei tudo também.

Incrível como às vezes perdemos tempo falando e escrevendo sobre aquilo que na realidade não interessa. Perdemos tempo com relações mais vazias do que tudo. Aprendam: 1000 X 0 = 0. Ou seja: Não adianta colocar energia naquilo que é vazio. Por isso resolvi falar de você. Porque você importava e importa.Você foi o ser humano mais sincero que eu já conheci. Você me ensinou muitas coisas e mudou um pouco do meu jeito. Fiquei mais “paz” e menos ansiosa. Fiquei mais engraçada e mais leve.

Hoje, tudo o que eu queria te dizer, é que mesmo com um pouco de distância, eu sou grata a você por tudo isso, melhor amigo. Você sempre será meu melhor amigo. 


Porque você é uma mistura perfeita de todos os melhores amigos que eu já tive. Porque eu virei um pouco de você também. E porque mesmo com a distância, é "para sempre". E não tem fim. 

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Santa Nostalgia


Hoje fui tomada por uma onda nostálgica. Que saudade de usar aquelas roupas ridículas todo o santo dia, esperar o sino tocar para ir lanchar na cantina e passar a tarde toda comendo brownie e falando merda na casa de alguma amiga, em uma tentativa meio frustrada de fazer os deveres de história e completar a lista negra de matemática. (Nunca entendi como uma pessoa podia ter dúvida em história e entender polinômios, mas tudo bem...) 

Que saudade dos trabalhos de grupo também. Lembro que no final, eu e minhas amigas sempre levávamos esporro da nossa amiga cabeçuda, porque só ela fazia o trabalho. Enquanto a gente ria e fazia imitações. Talvez eu só não tenha saudade do professor cretino de Educacao física, que me mandava jogar Handball e anotava na pauta o meu período menstrual, para o caso de eu mentir que estava menstruada duas vezes no mesmo mês. (Acontecia muito, viu?) Enfim... Que saudade.

É tão engraçado sentar na mesa com as minhas amigas e ver que as conversas agora são tão semi-adultas. Uma conta sobre o pós em marketing que está pensando em fazer em Londres, as outras falam sobre salário, audiências, coquetéis de lançamento, política, economia sustentável, palestras, cursos, monografia... Quem são essas garotas? São as mesmas amigas? Às vezes eu estranho que sejam. 


Confesso que tenho medo dos próximos assuntos. Não quero que nenhuma amiga minha case e comece a ter filho! (Pelo menos não agora). E também não quero ser aquela tiazona encalhada que se desespera para pegar o buquê dos casórios. 

Santíssimo, como você deixou esse processo de crescimento acontecer tão rápido?!?!? Será que eu virei gente grande assim mesmo? Quer dizer, grande no sentido de velha. Porque pequena de tamanho eu sempre vou ser. Quando eu paro para pensar que me formei em 2007, tomo um susto enorme. 2007 foi anteontem, porra. E agora eu sou uma velha gagá para sempre. Será que aquela garota de blusa de gaivota e calca leggen ainda sou eu? Ninguém duvida que sim, só eu duvido. Mas eu sou maluca e não posso me levar tão a sério.

Eu sei que lá no fundo, eu ainda conservo meu ar de garota uniforme de gaivota, que comia pão de queijo a tarde inteira, assistia Marcia Goldsmith e telefonava para algum amigo para conversar sobre o episódio imperdível do menino peixe - que, by the way, chegou no programa em um aquário. (Ai, esse foi fascinante!)

Incrível... Mudei tanto ao longo do tempo... Eu e minhas amigas. Mudamos sim. Mas ao mesmo tempo, continuamos iguais. Continuamos sendo as cheerleaders particulares uma das outras. Vibramos e torcemos pelo nosso sucesso profissional e pessoal desde sempre. Fazemos um esforço fora de série para conseguir nos encontrar, diria que compatibilizar agendas é uma guerra de Tróia. As rotinas são diferentes. Os cursos também. Eu preciso largar a real para vocês: todo o esforço que fazemos para nos ver vale a pena. Tenho um orgulho que mal cabe em mim da minha trupe. Orgulho de cada amigo que conquistei e que por mim conquistaram-se. Que conquista a minha! Que conquista a nossa..

Não existe sensação nenhuma no mundo que se compare a de ter bons amigos e a de dar boas risadas. Parece que aquela sua dor de cabeca vai para o beleléu e o mundo inteirinho fica leve. E foi isso que aconteceu no meu dia hoje. Vim aqui, metade velhona nostálgica e metade menina feliz, apenas  homenagear as minhas amigas maravilhosas que sempre estiveram aqui. Desde mil novecentos e 90 e qualquer coisa. Chorei. (Love you all, bitches).

Como já dizia o poetinha Vinícius: 
“A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor.
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências. A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. É delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não têm noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí.”

Obrigada, Vinícius. Você sim entendia a amizade. Faco de suas palavras as minhas. That’s all.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Salvador Dali



Não faz mais sentido. Simplesmente não faz. Até anteontem fazia, mas hoje eu acordei, tomei café da manhã e me dei conta de que não faz mais. Notei que aquela criatura jamais conseguiria me acompanhar. Porque jamais seria capaz de acompanhar as voltas mentais de uma louca, porém coerente linha de raciocínio poética e madura.

E então, subitamente tudo que havia virou poeira perdida no ar. Virou insignificante. Virou nada. Não foi uma decisão minha colocar fim, o fim decidiu se colocar por mim. E eu respeito profundamente essas coisas loucas e misteriosas que eu não sei dizer ao certo de onde vem.

Quando eu olho para trás, tudo o que vejo é um quadro do Salvador Dali: Desfigurado e Nonsense. E eu gostava de Salvador Dali ontem. Juro que gostava. Mas hoje.......

Não faz mais sentido.