domingo, 29 de abril de 2012

12 graus de miopia e a carta de amor


O relógio marcava 15:45 da tarde e lá estava eu, sentadinha no salão, lendo mais uma daquelas revistas fúteis que a gente lê enquanto faz as unhas. Até hoje eu não sei como eu ainda insisto em ler Caras. Putz, eu já devia ter aprendido que isso não é para mim! Não aguento a parte da revista que reúne algumas pseudo celebridades globais com o título: “Eles são como nós”. Aí, você mira os olhos nas fotos e vê as seguintes legendas: “Eles são como nós, bebem água mineral, eles são como nós, vão às compras com os filhos. Eles são como nós, fazem xixi.” Tá, na parte do xixi eu admito que me empolguei, mas eu juro que o resto é verdade. (Se duvidar, vai na banca comprar caras, queridão.)

Saí do salão, cheguei em casa e comecei a protagonizar aquele drama porque eu não tinha roupa no armário. Depois de 1425637 tentativas, enfim achei “O” vestido. Não sei me maquiar e quando eu tento, pareço o Chapeleiro maluco da Alice no País das Maravilhas. Já até tentei ver vídeo no youtube para aprender, mas infelizmente, não nasci para a coisa. A minha mãe/maquiadora oficial estava viajando, então arrisquei qualquer coisa básica na face. Mesmo assim, a felicidade tomava conta do meu ser. Seria um festão. E fazia uns bons meses que eu não ia a festões.

Seria um daqueles festões naquelas mansões dignas de capa de revista, em que as mulheres ficam competindo para ver quem é a mais diva do local e o garçom passa com tanta coisa chique na bandeja, que você, mesmo sem saber decifrar o que é, acaba comendo tudo.

A minha felicidade é pela euforia que a festa representa. Todos aqueles drinks coloridos, todas aquelas pessoas bonitas e bem vestidas, todo aquele cenário encantador, todas as músicas que eu mais amo. Tudo lindo. Da produção do evento à decoração da mesa de docinhos. A maioria das mulheres costuma dizer: “Eu só vim para dançar”. Eu não. Eu vou para dançar, para beber e para comer todos os salgadinhos e docinhos que se encontrarem na mesa. E vou também para esperar. Sim, para esperar se aquele fulano X da vida vai aparecer lá. Não é “um” X, é “O” X. Será que o X está lá? Será que está chegando? A ansiedade me consome e o meu pescoço quase quebra a procura do maldito. O meu coração, metade de menina de 15 anos e metade de mulher de 30, fica apreensivo.

O melhor de mim é que como eu não sei demonstrar interesse, o “X” jamais sonharia que é o meu “X”. Enfim, o “X” estava lá. E é aqui que a minha bipolaridade começa a atacar. Porque essa vida de mulher é simplesmente foda. Vou fazer uma confissão séria agora: Não estou narrando uma experiência pessoal, como todo mundo aqui está pensando que eu estou fazendo. Na realidade esse festão não foi nesse final de semana e nem nesse ano de 2012. Admito, eu inventei tudo. Meu objetivo aqui é apenas narrar uma generalização que represente a minha vida de solteira e a de todas (ou quase todas) as mulheres. 

Acompanha comigo: você fica com um X da vida. Mas e aí, o que acontece? Você descobre que o “X”, na verdade, não era o cara certo para você. As suas amigas te dizem: “bola pra frente, amiga”.

"Sacode o cabelo, Beyonce branca da próxima estação" - você pensa consigo mesma. Confiante, você se arruma, coloca o seu melhor vestido e cisma que precisa conhecer o Y, porque chegou a hora do X morar no passado. Porque a vida gira. Ok. Você conhece o Y, quase chega a gostar dele. Quase. Mas depois, descobre que ele também não era o cara certo pra você. (Sorte que você ainda não tinha gostado dele). E aí, pouco depois, eis que você conhece o Z. No momento em que você conhece o Z, você já tem certeza absoluta de que não existem condições físicas, mentais e psíquicas para se deixar levar como fazia com seus 16 anos de idade. Você fica com o Z, mas já não tem a mesma facilidade em se apaixonar, até porque, você sabe que aquilo tende a não ir muito para frente. E não dá outra: O Z também não era o cara certo. 

É isso. Cansei. Cansei de esperar vir a “próxima pessoa”. Tenho medo da próxima pessoa. Nada é bem do jeito que eu queria. E quando é eu não quero. Ou me aparece um bonitão disputado que só pensa em “curtir a vida” com os amigos, ou me aparece um nerd de 12 graus de miopia que é perdidamente apaixonado por mim e me quer mais do que a Princesa Kate. E quando aparece alguém no meio termo, também não era bem do jeito que eu queria que fosse e acaba dando errado por que alguma razão.

Imagina um bonitão. Agora imagina esse bonitão com o dobro de beleza que você tinha imaginado antes. Imaginou? Agora esquece tudo, porque sua capacidade de imaginar não acompanha a beleza real do sujeito. Esse é o famoso bonitão da balada que quer te “pegar”. E o bonitão da balada eu não quero. Não quero mesmo. Porque seu cérebro de ostra na UTI ainda não evoluiu o suficiente a ponto de aprender o que significa valorizar alguém. Ele tá em outra “vibe” e eu não o acompanho. Ao mesmo tempo, existe aquele nerd de 12 graus de miopia que se declarou pra mim. Ele fez carta de amor e tudo! Se pudesse teria feito uma serenata também. Mas não adianta. Quando eu não quero, eu não quero.

E assim a vida prossegue. E assim a vida prosseguiu. 12 graus de miopia, bonitão da balada, gordinho do curso e bonitão da balada de novo. Eu só posso ter grudado chiclete na cruz, Santíssimo! Às vezes me dá uma vontade súbita de exterminar todos os bonitões das baladas e todos os nerds freaks que se apaixonam perdidamente por mim em menos de 48 horas de convivência. Então, eu me recolho à minha bipolaridade eventual. Felicidade e euforia na festa e vazio e solidão em casa. Que ciclo.

A minha sorte – e a de todas as solteiras - é que Deus não demora, ele capricha. Com tantas bizarrices já vivenciadas, espero que o Senhor esteja me reservando algo de muito especial. Um dia, ainda iremos conhecer alguém que nos fará ficar feliz em compreender porque não demos certo com o X, Y e o Z.

Um dia.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

United Colors of Brasil

“O que me preocupa não é o grito dos maus, é o silêncio dos bons.”

Essa frase do Martin Luther King não tem saído da minha cabeça. Congelou na cena número 1 do meu script cerebral. Parece que na nossa sociedade o maior sinal de esperteza é ligar o canal do comodismo/egoísmo e adotar a postura do silêncio. As pessoas sofrem de preguiça ideológica. A juventude de hoje tem preguiça ideológica para tentar mudar o que quer que seja e opta pelo caminho do vazio. ((Cazuza, que tanto prezava pela ideologia, se envergonharia de nós)). Vivemos em um vazio de pensamentos, vazio de sentimentos, vazio de humanidade, vazio de expressão. {  }.

Sabe aquela coisa de: “Em boca fechada não entra mosca?” Então.. Em boca fechada pode não entrar mosca, mas também não sai nada que interesse. Com a boca fechada, você previne moscas, entretanto, não vai a Roma. Puta mundo injusto, né, campeão?

Viver somente para si não é saudável, e muito menos sinal de esperteza.
Estamos no auge da era das “redes sociais”. Hoje, mais do que nunca, é preciso olhar para o lado, interagir e se conectar com todas as possibilidades de ser e de pensar. É preciso abraçar um pedacinho de alguma causa qualquer que agregue valor à sociedade e pegar uma caneta para ensaiar projetos de mudança. Não, não estou falando aqui que é para a gente se fantasiar de estudante de sociologia da USP, colocar um all star surrado com meia arrastão e concorrer ao papel de noiva do Chuck. Só estou sugerindo que não nos calemos e que não aceitemos conviver diariamente com aquilo que não concordamos. Sugiro que tenhamos algum papel nessa sociedade.

Talvez esteja com isso forte na cabeça, por causa da decisão do STF quanto à constitucionalidade das cotas raciais. Tenho até vergonha em expor a minha opinião sobre a questão, porque ela é um adorável clichê repetido por milhões de brasileiros insatisfeitos com a política: A medida a ser adotada é melhorar a base do ensino. Por que investir no ensino superior, sem antes percorrer o caminho da base? Não entendo essa euforia de investir por cima, sem comecar a investir por baixo. O ensino de base é pressuposto lógico para que o ensino superior se desenvolva em seu potencial máximo. Qual o preparo que uma pessoa sem base tem para enfrentar uma universidade e se inserir a pleno vapor nos mercados? Vamos pensar na efetividade da medida.


As cotas são medidas de curto prazo, típicas de um país governado pela preguiça em mudar  e pelo prazer em adotar as vias fáceis de “solucionar” a questão.

Eu acredito no longo prazo. Sempre. Em quase todas as minhas atitudes, eu penso nas implicações dos próximos anos e não dos próximos meses. Inclusive, acho que esse é um excelente termômetro para medirmos a gravidade de nossos problemas pessoais. Sempre que você estiver aflito com algum problema, pergunte a si mesmo: “qual a implicação que isso vai ter daqui a 5 anos na minha vida?” – se a resposta for: “praticamente nenhuma”, siga em frente com a cuca fresca, porque sem dúvidas, não é lá muito importante.


Voltando à questão das cotas, preciso cuspir um outro clichê, com toda a majestosa licença dos meus leitores: Por que cotas RACIAIS e não SOCIAIS? Ora, e os brancos, pardos, índios, vermelhos, roxos e azuis que não tiveram acesso à educação de qualidade? (Aliás, educação essa que o próprio estado assume que não é de qualidade, diga-se de passagem). Na minha turma, por exemplo, só tem um estudante negro - que, por sinal, é um dos meus maiores amigos e sabe que está sendo homenageado nesse espacinho - esse meu camarada entrou na faculdade porque cursou o PH. Aposto a minha bunda e os meus peitos que se ele tivesse concluído o terceiro ano em uma escola pública, provavelmente não teria tido subsídio necessário a ingressar em uma boa universidade. 


Não quero mais polemizar sobre as cotas, cansei. Só quero dizer que não acho certo que só tenha um estudante negro na minha turma. Não acho certo que eu nunca tenha tido um professor negro, uma Barbie negra, ou mesmo uma melhor amiga negra. A maior parte da população não é negra? Então cadê essa população?

Nós não estamos acostumados a conviver com a diferença. As pessoas aprenderam a fingir que são mente abertas, assim como aprenderam a fingir orgasmos. Será que para conviver em sociedade, é preciso ser hipócrita? Até quando vou ser obrigada a conviver com esse preconceito mascarado em forma de inclusão social? 

Não sei o que significa incluir para o resto dos mortais. Mas incluir no meu vocabulário significa colorir. Eu quero poder conviver em uma sociedade em que as cores estejam por todas as partes. Quero vermelho, amarelo, marrom, preto, roxo, azul e branco convivendo juntos.

Hoje eu quero, mais do que nunca, pincéis nas mãos para colorir essa sociedade monocromática.



Já está na hora. 



domingo, 22 de abril de 2012

Doida de pedra, papel e tesoura


Eu te vejo pela janela do meu quarto, num sábado de sol
Eu te vejo com sorriso de covinha na fila do supermercado
Te vejo em meio à multidão de seres vivos sem graças
E ali, você se destaca e se ilumina, desfilando sob a luz amarela da minha Avenida
Da Avenida que eu pintei pra você
Te vejo enquanto reflito no chuveiro

Juro que eu vejo...
É... Eu sei... Estou maluca

Você bem que já tinha me alertado de que eu era doida
Disse que eu era a mais doida que você já havia conhecido
Falou que eu tinha que ser escritora, comediante e modelo (que idiota)
Disse que achava adorável essa minha mania de rir e fazer rir
Mas disse que eu era doida de pedra e eu não esqueci
Agora, eu te corrijo: filhote, sou doida de pedra, papel e tesoura
É tão ruim assim ser doida, seu maluco?
Puta medo de surtar de vez nessa sociedade bizarra
Na minha lógica, surtar é preciso para viver
Viver para ser e ser para surtar e ser alguém outra vez

Eu surtei porque eu te vejo na minha esquina
Te vejo quando você nem tá lá
Mas eu juro que eu vejo, eu juro

Me conforta saber que todos que passaram por esquinas, viram alguém
E encontram-se também sob algum olhar
O meu sono não vem, o meu tempo não passa
A certeza de que aqueles que eu vejo não são iguais a você, me detém
Porque ninguém mais consegue ser como esse sujeitinho é?
E vou sentindo o meu coração bater fortinho
Em um vazio que se espalha
E eu não sei mais o que fazer com esse vazio

Já gastei 1.000 reais em calca da Diesel
Já abri passatempo e traquinas
Já comprei ipad, itouch, iphone
Já bebi, já dancei, já me acabei

E esse vazio vem me visitar agora
E esse vazio insiste em me lembrar
Tudo aquilo que eu queria esquecer
O vazio é mal educado, ele chega e me invade
Sem dó nem piedade, ele entra no meu quarto
Dentro de mim
Sem esquecer nenhum pedaço que me move

Esse vazio tem nome: Chama-se saudade.

sábado, 21 de abril de 2012

Senhor tempo


Se a Vida pudesse parar 
Se eu pudesse esquecer tudo sobre você
Se tudo pudesse me fazer esquecer
Se a previsão do tempo conseguisse me alertar
Se o Vento soubesse me levar para a melhor direção
Se eu fosse forte para abafar o ruído da opinião alheia
Se eu dominasse a arte de me escutar e me entender
Se notasse a importância de cada segundo da vida
Se cada Segundo pudesse também me notar...

Vou vivendo. Vou caminhando. Vou acreditando.
Tudo o que sei, é que o sentido da vida é para frente. 
Cansei do vazio, cansei das dúvidas, cansei de mim e dos outros.
Cansei de tudo que não dá certo, mas sou muito nova para cansar

E então...

Pedi um pouco mais de compreensão e fechei um acordo com o Senhor tempo: Nem eu fujo dele, nem ele me persegue para me deter e fazer de mim sua arqui-inimiga
Fiz do tempo meu aliado e vou andando até me encontrar. Juro que vou. 

Tenho fôlego de sobra para andar...

Senhor tempo, me mostra alguém afim de me acompanhar
Que eu te mostro alguém com disposição para ver o espetáculo desse mundo a pé.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Um grito de socorro


Síndrome do pânico, embrulho no estômago, taquicardia, angústia, sensação de desespero subindo frenética por todos os andares do meu corpo, como um gelo seco cortante. Enfim, um turbilhão indescritível de sentimentos. Estou apaixonada? Não. Antes estivesse. Estou em semana de provas.

Eu sei que estou fugindo totalmente da temática do blog, mas necessito desabafar o sentimento. A tão temida “semana de provas” sempre surtiu seus efeitos em mim. Metade de mim é ansiedade e a outra metade também. Sei lá. Às vezes parece que não vai ter luz no fim do túnel, que não vou sobreviver ao fim da G1 e que minha vida vai se dividir entre dois períodos: “Pré-provas e Pós-provas.”

Não sei se eu sou maluca, mas que tem me dado uma baita vontade de inventar intercâmbio, fugir para uma ilha deserta e jogar Playstation até ficar vesga......... Ah, isso tem me dado sim. Que saco! Fico me perguntando aonde foi parar aquela menina que até o sexto período de faculdade tinha a maior vontade e paciência de resumir todos os livros um-a-um e reescrever cadernos com belíssimas canetinhas coloridas. (E como aquela pequena garota era assídua na biblioteca...)

A verdade é que tudo tem me cansado profundamente. Direito está cansando a minha beleza. Aquele latim insuportável se fazendo presente nos livros didáticos, aquelas discussões doutrinárias e jurisprudenciais sobre questões esdrúxulas, muitas vezes óbvias e muitas outras, insignificantes do ponto de vista prático. (Uma vez que você tem certeza que não vai levar a lugar algum).

Depois disso, que tal tomarmos um banho de princípios? Todas as matérias com os mesmos princípios. E ainda tem um serzinho para vir tirar dúvidas sobre algum deles. A essas alturas do campeonato, meu amigo, se você não aprendeu o que é o princípio do “juiz natural”, se mata. Porque eu escuto isso há dois anos e dois meses. Mas tem gente que insiste em querer voltar nessas explicações. Meus pêlos do corpo se arrepiam todinhos e, então, eu escuto em redenção controlada a explicação do professor sobre aqueles princípios. De novo e de novo. Me vê um sedativo, moco. Não aguento mais escutar isso! Tudo tão óbvio. Tudo tão desinteressante. Tudo tão massante. Sofro em silêncio.

Cansei de tudo e tudo me cansou. Não é um curso difícil, com certeza não é. (Ou eu tenho alguma facilidade, vá saber). Na minha concepção, é impossível tirar menos de 7 se você se esforçar o mínimo. Mas é um curso sacal. E não é pouco sacal. Não é para qualquer um. Se você acha que vai fazer Direito para treinar argumentação oral, participar de discussões fervorosas, júris simulados e outros, esqueça essa ideia. Não há nada de dinâmico no curso. Nada. Um professor ou outro, se esforça para trazer casos concretos e tornar as aulas um pouco mais “visualizáveis”do ponto de vista prático. Essas aulas conseguem ser interessantes. Admiro isso. Mas é raro. Tudo fica no papel. Letrinha por letrinha naquele papel. Princípio a princípio, artigo a artigo, discussões de doutrina e mais discussões – arrisco a dizer que me animo mais para o fim do mundo, do que para ouvir uma discussão onde a doutrina se divide em 3 correntes.

Agora, eu me vejo, pelo terceiro ano e sétimo mês consecutivo, em mais uma semana de provas. Não é uma semana de provas comum. É uma semana de provas diferente, angustiante e conturbada. Angústia talvez seja o melhor sentimento para me definir. Já não tenho mais o mesmo gás e a mesma sede de antes para estudar. Já não tenho mais o mesmo sentimento de pertencimento com o curso que eu tinha outrora.

Nesse momento, o estudo se materializa mais na responsabilidade e obrigação, do que na paixão. É como em um casamento em que o tesão tivesse sido tirado abruptamente de mim. Por que está tão difícil ser eu? Queria abrir um zíper e sair desse corpo, mas eu preciso permanecer aqui e passar por tudo isso. Por que isso agora, José? Nunca estive assim, eu juro. Ou será que sempre estive assim, mas estava cega demais para me notar? Se eu pudesse, apertava um botão de fast foward para ver o que vai ser da porra da minha vida daqui há cinco anos. Pikachu, manda a produção me dar o controle de fast foward?

Chá de caderno, chá de textos, chá de códigos, noites mal dormidas e 3 litros de café. Sorte que a determinação nunca me abandonou. Só preciso que isso tudo valha a pena. Só preciso ter certeza de que tudo isso vai valer a pena. Só preciso fazer tudo isso valer a pena. Amém.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Maníaco do parque


Engracado. Mulher é sempre tida como complicada aos olhos dos homens. Eles acham que são seres de outro planeta e juram que necessitam de mil e quinhentos manuais para compreende-las. Ah, meu amigão. Desculpa. Sinto lhe informar que o Etê esquisitinho e complicado da história é VOCÊ.

Veja bem o exemplo: Um exemplar da espécie homoloucosapiens viajou de carro de são Paulo até o Rio só para encontrar com uma amiga minha. Passou o final de semana todo com ela. É claro que ficou no maior “Love”. Linda pra cá e pra lá, chocolate de páscoa, elogios e mil e uma gaiatices. Acredito que até um ursinho carinhoso perderia o posto para esse indivíduo. Enfim.. Após essas demonstrações de afeto, o que acontece? O cara some. Some sem deixar rastros, sem mensagens, sem sinal de fumaça.

O que a minha amiga faz? Manda mensagem, numa firme esperança de trazer o “ursinho carinhoso”de volta ao cargo. Diz que tá com saudades e quer ver ele de novo. Mas é inútil. O ursinho não responde. Cadê aquele garoto que só faltava ter um coração na barriga? A minha amiga começa então a surtar. Em um processo gradativo e constante, que ora aumenta e ora diminui. O surto é por incompreensão. Por isso que eu já me livrei do mal de Sherlock Holmes (post já escrito por mim em marco).

Nesse ponto da história, começam a surgir as amigas críticas. Aquelas que nos deixam arrasadas e vem com um código de conduta da mulher foda a tiracolo. As amigas fodas começam a disparar: “Quem mandou você mandar mensagem? Disse que estava com saudades e queria vê-lo? Mandou mal, você vai assustar o garoto! Vai soar como cobrança. Você deu muita moral. Eu nunca teria feito isso. Você tinha que ter largado pra lá.” – (Essa mulher só é foda quando se trata de criticar a relacao alheia, quando é com ela, certeza que comete atrocidades, relaxa).

A menina então se sente arrasada, impotente e fraca. Ela mandou uma mensagem e agora a “merda” estava feita. É um drama que não acaba mais. A cabeça dela fica: “Por que eu fui mandar esse torpedo de saudade? Ele nem respondeu. Nunca mais eu mando, Deusinho. Eu juro que não cometo esse pecado capital.” – Drama pouco é bobagem. Garota, pega esse código de conduta da mulher foda e joga no lixo, nem foi você que escreveu isso, deve ter sido a sua avó em 1902. A regra é usar do bom senso e seguir um pouco o coração. Afinal, nao dá para ser um ser humano frio, calculista, sem intuição e vibração. Na hora você achou que era a melhor opção, agora durma com ela e esqueça tudo.


Dane-se o que foi feito. A gente tem que se lembrar do passado, sonhar com o futuro, mas viver o P-R-E-S-E-N-T-E. Se acha que não devia ter mandado aquele SMS, não mande outros. O passado é fundamental para agir melhor no futuro.

Vamos voltar à história. Eles se falavam há 3 meses e meio quase todos os dias. Ele mandava “bom dia”, “boa tarde”e “boa noite”, ou seja: O moleque era pior que a Fátima Bernardes e o Willian Bonner juntos. Entre torpedos e chats de facebook, o bonitinho pega a estrada e compra chocolates. Mas some. E aí, 3 semanas depois, eis que o lindo reaparece. Pronto. Ele resurgiu. Todo-todo! Super afim de romancear. O danado encarnou no Romeu e surtou o cabeção, mandando altas mensagens alucinadas. (E olha que nem deve ter passado óleo de peroba na cara!) E aí, a mulher tem 3 opcoes: A) Fingir que nada aconteceu e tratá-lo com cordialidade, mas com certa distância. B) Vir bater DR e perguntar se ele teve AVC. C) Ignorá-lo e só responder 3 semanas depois.

Por experiência própria, te digo que a maioria opta pela letra A. Escolhida a opção A, a relação prossegue. A relação prossegue estranha e maravilhosa. Ele estranho, você, maravilhosa. Ok. 


Quando o relógio marca 2 e meia da manhã, ele manda uma mensagem dizendo que vai morrer se não te encontrar. Quer saber o que eu acho disso tudo? Acho isso injusto e incoerente.

A menina não pode dizer sequer que tá com saudades, porque ele vai se “assustar”, mas ele pode perfeitamente mandar um torpedo tipo o maníaco do parque dizendo que vai morrer se não a encontrar. Ele pode fazer a loucura de viajar para vê-la e de falar que é "agora ou nunca" na madrugada. Ele pode dizer que está apaixonado, que ela é linda e maravilhosa e depois sumir do mapa. Ele pode. E nem por isso ele é taxado de maluco, incoerente, inconstante e incompreensível.


Cansei desses rótulos.

Sim, isso quer dizer que voce so vai ser maníaco do parque, maluco, inconstante, incoerente e incompreensível, se eu também puder ser. 

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Let's play it cool

Todas as pessoas que se relacionam com a gente valem a pena. Parece mentira, mas eu juro que é verdade. Algumas, simplesmente nos marcam de forma positiva para todo o sempre. Outras, valem a pena só para fazer a gente ficar mais bandida, forte e “preparada pro combate”. Mas o curioso é que quase todas vem para ensinar a gente a fazer aquele “homework” básico chamado desapego. Na realidade, o “homework” do desapego deve ser aperfeiçoado constantemente. Mesmo as melhores pessoas do mundo, vão nos demandar uma dose de sabedoria nessa arte ninja.

Crescer implica em saber conviver com o desapego. Eu sei. Aqueles que arrepiam cada centímetro do nosso corpo e nos fazem sentir uma felicidade inexplicável, são mesmo terríveis. Essas criaturas são capazes de destruir o nosso mundo quando vão embora. Elas podem operar verdadeiras catástrofes no nosso Ecosistema e deixar tudo de “patas para arriba”.

E o único remédio para não se deixar levar pelo terremoto e desabar, é aprender a praticar o desapego. É inevitável. As pessoas sofrem mesmo é por idéias e visões de mundo. Conseguindo empreender algumas mudanças nas suas concepcões, elas se libertam.

É preciso reconhecer que pessoas queridas vem e vão mensalmente em nossas vidas e que muitas vezes, seremos impotentes diante de suas partidas. Acredito que as pessoas cruzam nossos caminhos por alguma razão. E descruzam também por alguma razão. É duro aceitar que nada, nem ninguém, será nosso para sempre. Nem nós mesmos seremos nossos para sempre, temos tempo limitado para viver na terra. Somos ocupantes temporários do nosso próprio corpo.

É difícil conjugar amor com paz e ao mesmo tempo, com intensidade, leveza e desapego. É difícil nos desvencilharmos do sentimento de posse. Veja bem: Não é não amar. É saber amar. É compreender que as pessoas são livres e não podem ficar aprisionadas como joguetes dos nossos desejos. No dia em que você se apaixonar e sentir paz vai ter certeza de que encontrou o cara certo. Ou que virou a mulher certa. Whatever works.

Brincar de se aprimorar na arte do desapego faz bem à saúde. O desapego é o sopro da alma e traz paz de espírito. O desafio foi lançado na minha pauta. 

Agora é tentar fazer o dever de casa. Let’s play it.

Um dia eu chego lá.





domingo, 1 de abril de 2012

Cenário comum


Vamos imaginar o seguinte cenário: Ele errou com você. Errou feio, errou brabo. Disse que não ia à festa, mas foi. Mentiu, bebeu e chegou em algumas outras naquele local. O babaca te fez sentir péssima. Vocês não eram propriamente namorados, não tinham compromisso, mas também não tinham um descompromisso total e completo. Não era sério, mas havia consideração e carinho. Ele te levava para o cinema sábado sim e sábado não. E o sábado passado foi o sábado do “sim”. E domingo retrasado foi o dia que ele mandou a mensagem mais fofa do planeta terra. Sim, você estava apaixonadinha. Vocês não tinham título, mas vocês tinham algo que valia muito mais do que o rótulo do: “to namorando”, “to casado”, “to solteiro” ou “to noivo”. 

Algo ali era maior que esses rótulos sociais.

Na sua cabeça, era algo grandioso o que vocês viviam, afinal, vocês estavam se conquistando. Essa fase de conquista tem seu valor. Vocês não tinham construído nada, mas estavam construindo. Entetanto, em apenas um dia, o desgracado foi capaz de derrubar toda a construção do que estava por vir. Muitas pessoas apontam para você e falam: “Menina, 1 mês não dá tempo de gostar de ninguém desse jeito. Que viagem!”

 – E eu lá quero saber de tempo? Viagem é a sua, quebra esse seu relógio – eu respondo. Porque no meu relógio, sentimentos não se relacionam com o tempo. Tem tantas pessoas que eu convivo a minha vida inteira e nem adorar eu adoro. Por que eu não posso gostar dele em um mês? Aonde está escrito que isso não é possível? No conjunto de regras da sua cabeça bitolada? O tempo está relacionado à intensidade dos momentos que você vive, à empatia e afinidade que você sente. Tem pessoas que eu sinto como se já conhecesse a minha vida inteirinha e, no entanto, só conheço há 6 semanas.

Apesar de toda essa potência de sentimentos, em apenas um dia, o currículo do cara ficou completamente manchado. Com aquela cara de coquinho em alto mar após ser pego na mentira, ele se recolhia à sua insignificância. E você? Você estava com vontade de mandar 8 torpedos gigantes e explosivos expressando toda a sua fúria em letras GARRAFAIS e com a  intensidade de uns 288 Volts. O seu coração pulava de raiva igual ao de uma canguru fêmea no cio. E aí, gata? O que fazer? Explodir nos torpedos e nos e-mails? Falar 50 verdades que ele merecia ouvir, praticar homicídio doloso ou se calar?

Eu voto na opção “se calar”. E tenho uma explicação para isso: ELE errou com você, logo, ELE é quem tem que correr atrás de reconhecer o erro e te reconquistar. Caso ele não faca isso, é porque ele não se importa muito com aquilo que havia entre vocês e não faz questão alguma de ficar bem com você. E aí, a melhor coisa é realmente pôr um fim em tudo.

Agora, se ele curte ficar com você, gosta da sua companhia e tem um mínimo de consideração/carinho, ele vai correr atrás de selar a paz. A questão é que mulher inverte os papéis e faz tudo errado! (E aqui, eu me incluo, afinal, já incorri nesse erro muitas vezes também). A gente fica com raiva, chora, se sente angustiada, quer dizer todos os desaforos possíveis para aquele cidadão, mas quer também a reconciliação. E a gente sente saudades do filho da puta. Percebe o ciclo da incoerência? Explico melhor.

Na realidade, a gente transfere para a gente sentimentos que deveriam estar com o cara. ELE é quem devia estar correndo atrás de reconciliação, afinal foi ELE quem vacilou. ELE é quem devia estar com saudades, afinal, você é a mulher que fazia ele se sentir especial. Vamo lá: Você não é pirigueti, você sabe se dar o valor, se veste bem, é atenciosa e gostava daquele sujeitinho pra caralho. Sinto lhe informar, mas você é a maravilhosa e ele é o homem comum. Igual a você ele vai conhecer poucas, igual a ele, você vai conhecer muitos. Então por que VOCÊ está com saudades? Esse sentimento não é justo com você mesma. Deixe que todos os sentimentos ruins fiquem sob peso e responsabilidade dele.


Não foi ele quem errou? Você não agiu corretamente o tempo inteiro? Então por que é que você está angustiada? Na minha cabeça, isso é a maior inversão de valores que existe.

Dê férias ao seu coração, se liberte de uma vez por todas do que não deveria te pertencer e deixe a angústia e a saudades para ele. Se respeite e se imponha. Não mande mensagem raivosa e expressiva, dê a ele o seu silêncio. Às vezes a palavra é de prata e o silêncio, de ouro.
Todo mundo prefere a raiva à indiferença. Ele prefere sentir que você era a apaixonadinha que tinha ciúmes, ficou explosiva e perdeu a sanidade mental, do que sentir o seu vazio. Te garanto. 
Dê a ele o seu nada. É o seu nada que vai fazer ele correr atrás de um tudo.