quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

“A nossa liberdade é o que nos prende”

Todo mundo já ouviu essa célebre frase do Jota Quest. Ou vão ter a cara-de-pau de me dizer que não? O fato é que, para mim, ela não passava de uma frase idiota e sem sentido afundada no meio da letra. E hoje eu percebo a grande sacada por trás dela. Sim, é justamente a nossa liberdade que nos aprisiona.

Somos, por excelência, seres livres. Somos livres para escolher a nossa profissão, somos livres para escolher aonde vamos trabalhar, somos livres para escolher nossos amigos, somos livres para escolher ficantes, rolos, namorados... Somos livres.

Mas o que faz uma pessoa ser tão encantadora para a outra? O que faz a gente se apaixonar, pensar 24 por dia em alguém, perder a cabeça e cometer as mais irremediáveis insanidades? É justamente o despertar do sentimento de liberdade.

Explico.

Aquela petulante bateu nas portas da sua vida sem a menor pretensão de fazer a diferença nela, chegou com espontaneidade, sem estratégias, sem cálculos, sem compromisso em agradar. Ela simplesmente chegou. Não era perfeita, não era a deusa dos seus sonhos, mas alguma magia havia naquela mulher. Ela simplesmente era ela mesma. Ria esquisito, conversava como se já te conhecesse há anos, o papo fluia bem e ela segurava na sua mão como se você já fosse dela há tempos. De fato, ela sabia ser uma boa companhia. E a arma secreta dela? A naturalidade. A falta de pretensões.

No fundo, não suportamos a sensação de saber que alguém precisa de nós e faz as mais ridículas macacadas apenas para nos agradar. É forcoso. É tosco. Imagine receber uma bola de 200 kgs para segurar. Pesa, né? Pois é. Não gostamos do peso que é saber que somos o centro da vida de alguém. Gostamos é da liberdade e da leveza. Gostamos de pensar que aquele ser é livre para escolher estar com milhões de pessoas, mas, por alguma razão, fomos os escolhidos. Gostamos de sentir a leveza de notar que tem alguém ao nosso lado que não precisa da gente, que tem vida própria, metas próprias, que é o autor de sua própria felicidade e o comandante de sua alma.


É a magia de saber que esse alguém está ao nosso lado puro e simplesmente pelo prazer que a nossa companhia provoca, pelo mais sincero magnetismo que foi criado na relação. É isso que nos deixa feliz e nos enche o ego. Desejamos apenas estar. Sem nada puxando e pesando (externa e internamente).

Ouvimos desde pequenos: “Ignora, que ele apaixona”. Isso não deve ser forcado, deve ser um processo natural de quem compreende a importância de saber deixar livre. Todo o tesão que sentimos por alguém, anda de mãos dadas com a liberdade. Sentir a liberdade do outro é mais excitante do que podemos supor. Três brindes ao Jota Quest, que foi capaz de notar isso tão bem!

Assim, eu lhes digo: A nossa liberdade é o que nos prende. É por sentirmos a mais sincera liberdade no brilho dos olhos de alguém, que sentimos também o desejo de nos comprometer.